terça-feira, 23 de março de 2010

Corrida à tradução? Não, obrigada

Há uns tempos atrás tive uma pega com um cliente. Sempre me contactaram por e-mail ou messenger e, a partir de certa altura, passaram a enviar mensagens colectivas. O que isto significa? Que as propostas de trabalho são enviadas a várias pessoas e quem responder primeiro, ganha.

Argumentaram que se perdia menos tempo assim, era mais prático para eles, etc. etc. etc. Eu também expliquei o meu ponto de vista e que me recusava a aceitar trabalho nessas condições. Arrisquei, muito, tendo em conta que poderia estar a perder o meu principal cliente, mas tive de demonstrar o meu desagrado. Eu sei que há empresas que fazem isto e, provavelmente, se tivesse sido este o método desde o início, até teria aceite. Como nunca o fizeram e já trabalho para eles há vários anos, recuso-me a participar em corridas. Felizmente as coisas correram bem para o meu lado e voltaram ao esquema antigo, pelo menos comigo.

Entretanto, uma das gestoras de projectos que mais trabalho me dá nessa empresa foi de férias esta semana e eis senão quando, hoje de manhã, recebo um desses e-mails vindo do gestor que a está a substituir.

É que até já tinha saudades, confesso. Aquela emoção de ser uma das escolhidas para receber uma mensagem desse calibre, a adrenalina a disparar por não saber se consigo responder dentro dos 30 segundos seguintes e ganhar a tradução. Sim, seria uma autêntica vitória passar à frente de toda a gente e fazer chegar a minha resposta mais depressa que as de todos os outros tradutores.

Por muito que digam que não, para mim isto é uma corrida e não estou para isto. Nunca fui fã de correr, calha bem! Quer dizer, agora uma pessoa não pode sair do PC uns minutos para ir fazer um xixi porque se arrisca a perder trabalho? Tenham paciência... Corridas? Não, obrigada.

3 comentários:

B disse...

Essa historia faz-me lembrar a vida no campo,em que o agricultor lança para o chão alguns punhados e milho e as galinhas vão a correr comer.
Mal comparando é quase o mesmo,quem for a correr come e quem não corre não come,seria assim no campo.
Por atitudes dessas por vezes perdem-se bons profissionais,hoje em dia é tudo para ontem e o ser humano cada vez tem menos valor.
Acho que a sua atitude esteve ao seu nivel lily,tem o meu apoio.

Carla disse...

Se fosse para comer eu até corria (quem arrisca ir comer comigo sabe do que falo, pareço uma flecha!). Agora para trabalhar, hmmmm...

Maguita disse...

Estou profundamente desiludida. Estas corridas acontecem muito comigo. Uma vez perdi um trabalho por causa disso (e não estou a exagerar): o telemóvel tocou e eu fui a correr até à sala para atender. Não cheguei a tempo porque a pessoa só deixou tocar 2 vezes. O número era de um cliente. Quando volto para o PC, pergunto-lhe por email o que queria de mim e ele responde imediatamente que era um trabalho mas que acabara de o atribui a outro tradutor. TUDO ISSO NUM ESPAÇO DE 60 SEGUNDOS! Quase chorei.
Tenho um cliente que só me manda emails assim: Hi, excuse the mass email"